Domingo. Depois de me deitar às 3h30, acordo às 7h50 e assim que abro as persianas, noto que chove torrencialmente, acho que só por isto já se previa o belo dia que aí vinha. E claro, ninguém no seu perfeito juízo a um domingo se levanta a esta hora, mas hoje era um domingo diferente: na sexta-feira passada fui a um Open Day de uma companhia aérea e fui aprovada para o Assessment Day que foi hoje. Pequeno almoço tomado, cabelo nos trinques, maquilhagem na tromba e nervos na franja.
Digo-vos uma coisa, conduzir até ao Porto num domingo de manhã é uma paz d'alma: o trânsito é inexistente. Quando cheguei ao hotel, gostei de ver algumas das caras conhecidas do Open Day de sexta-feira.
Depois de um pequeno briefing e esclarecimento de dúvidas acerca de tudo e mais alguma coisa, fizemos as dinâmicas de grupo que foram fulcrais para decidir quem passava à fase seguinte. E infelizmente não fiquei. Tinha tudo corrido muito bem para mim mas talvez tenha sido esse o meu calcanhar de Aquiles: excesso de confiança. Ter recebido aquele envelope com uma nega e apenas com a hipótese de me voltar a candidatar daqui a seis meses foi um abanão e uma queda vertiginosa do céu à terra.. Saber que estava muito próxima de um dos meus sonhos e de repente voltar à estaca zero é uma frustração imensa para mim. E é aí que entra o meu segundo calcanhar de Aquiles: o facto de não conseguir lidar com frustrações, ou melhor, lidar da pior maneira com elas.
A viagem de regresso foi a mais silenciosa que tive até hoje.
Agora estou assim, em frente ao computador, sem saber o que ver, sem querer falar com ninguém, com o chat do facebook desligado para evitar questões, com o telemóvel em silêncio e com as expectativas de futuro no charco.
Talvez arrebite e ainda veja um filme de tarde, apetecia-me uma caixa enorme de Ferrero Rocher mas está demasiada chuva lá fora e a preguiça de sair do sofá e o facto de possivelmente ter de me cruzar com as pessoas que não me apetece ver demove-me completamente de concretizar tal desejo.
Talvez apareça por aí um Ambrósio que me faça a vontade. Ou então não. De qualquer maneira, amanhã é um novo dia, mas hoje estou como as núvens lá fora: cinzentas e sem graça.